31 janeiro 2010

Hai(de)ti II

A humanidade está podre. Está infectada por vermes. Nenhum país, nenhuma comunidade, ninguém está imune e não há vacinas para esta doença.
Depois da catástrofe vem a miséria. A fome, a sede e a sofreguidão assolam o território haitiano. Mas nada disso é páreo para a imensa insensatez, estupidez e ganância de alguns.

"Fotos de médicos em poses divertidas geram polémica" in Expresso
O humor é algo extraordinário. Pode-se fazer humor com praticamente tudo. Fazem-se piadas com o holacausto, com a religião e suas figuras, com as diferenças existentes entre as pessoas. Dentro em pouco, as pessoas farão "humor negro" desta catástrofe mas, por enquanto, as feridas estão longe de fechar e humor sobre o que aconteceu é como sal sobre carne exposta.
"Médicos". Esta palavra é sagrada demais para ser utilizada por indivíduos como esses. Um verdadeiro "médico" põem o semelhante muito à frente das suas pretensões pessoais. Esses palermas deveriam ter orgulho de poder disponibilizar os conhecimentos médicos em prol dos que sofrem.
"O pobre julgamento de uns poucos prejudica o enorme esforço que muitos outros fizeram para prestar cuidados médicos de qualidade", afirmou o secretário da Saúde de Porto Rico, Lorenzo Gonzalez. Frase estupenda! Espero que tome providências e, espero ainda mais, que os colegas porto-riquenhos destes patetas exijam uma punição.


"Dez americanos detidos quando tentavam sair do Haiti com 33 crianças" in Jornal de Notícias
Compreendo que ver crianças a sofrer é difícil para quem ainda tem coração. No entanto, existem formas mais simples, e honestas, de as proteger. Não vejo que arrancá-las do seu ambiente seja o melhor, já sofreram com a tragédia e agora são levadas para longe.
E, juro que ainda tentei não dizer isto, mas tinham de ser pessoas de uma igreja qualquer, sempre dispostos a ajudar (?).


"Hugo Chávez acusa EUA de provocar sismo no Haiti" in Económico
Quem acompanha este blog há mais tempo conhece a minha profunda e imensurável antipatia pelo Sr. Presidente da Venezuela, Hugo Chavez. Ele, que se diz o salvador dos povos sul-americanos, marxista, socialista, vem, nessa altura de desgraça, aproveitar para alfinetar o seu inimigo. Chavez ,se calhar, deveria preocupar-se mais com os mortos diários da violência de Caracas, em fechar as televisões que não transmitem os seus devaneios, com a falta de liberdade a que sujeita os seus compatriotas e com a opressão sobre os seus opositores. Já tinha com que se entreter...

Parece que o terremoto no Haiti foi "apenas" o 1º problema para aquele povo (sem contar os que já existiam antes)...

30 janeiro 2010

TV cabo vs Catsone

Passou algum tempo desde a última vez. Agora decidi radicalizar, correndo o risco de ser ordinário, mas não foi por falta de aviso.

Ontem, após 4 chamadas não atendidas, lá conseguiram falar comigo:
17:30
Trim-Trim Trim-Trim
Eu: "Estou"
TVCabo (TVC): "Boa tarde", voz feminina.
Eu: "Boa tarde"
TVC: "Estou a falar com o Sr. Catsone?"
Eu: "Espere um pouco, vou ali ver ao espelho"
TVC: "Desculpe?"
Eu: "Só um momento... Sim, parece que é ele quem fala"
TVC: "Pois... err... boa tarde. Meu nome é _________. Falo em nome da TV Cabo e tenho uma proposta para lhe fazer"
Eu:"A sério? Pensava que ligava para convidar-me para jantar."
TVC: "Não, mas é bem visto. Já tem o nosso serviço Fantastic Life?"
Eu: "Não"
TVC: "Não? Olhe, é um plano com 70 canais por mais X€. Interessado?"
Eu: "Quantos canais pôrno há nesse plano?"
TVC: "Errr... hum... desculpe mas não há nenhum. Se quiser tem que contratar à parte."
EU: "Sabe que estou insatisfeito. Quando contratei a TV Cabo havia um canal desses filmes e agora nada..."
TVC: "Pois, mas agora só existem à parte"
EU: "Ok. Mas nestes canais "à parte" existe algum bestial?"
TVC: "Não sei porque não aprecio muito esse tipo de filmes"
EU: "Não é isso. Perguntei se há algum de bestialidade"
TVC: "(silêncio)... dê-me um segundo, SFF"

Música...

TVC: "Está? Sr. Catsone, não percebi muito bem a sua questão. Que tipo de filmes passam nesses canais"
EU: "Sexo com animais"
TVC: "..."
EU: "Estou?"
TVC: "Desculpe, mas não temos estas opções de canais".
EU: "Que pena. E de sodomia, há?"
TVC: "Filmes gay?"
EU: "Desculpe lá, está a chamar-me homossexual?"
TVC: "Desculpe, Sr. Catsone. Mas como falou sobre sodomia..."
EU: "Estas práticas não existem apenas entre pessoas do mesmo sexo, certo?"
TVC: "Bem, realmente não sei"
EU: "Não sabe? Bem, não sabe o que perde. Continuação de boa tarde"
Tu-Tu-Tu-Tu


À incauta moça do call-center dedico esta melodia:



Sexo

Ultraje a Rigor

Sexo!
Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Eu quero Sexo! Me dá Sexo!

Hoje vai passar um filme na TV
Que eu já vi no cinema
Êpa! Mutilaram o filme
Cortaram uma cena...

E só porque
Aparecia uma coisa
Que todo mundo conhece
Se não conhece
Ainda vai conhecer
E não tem nada de mais
Se a gente nasceu
Com uma vontade
Que nunca se satisfaz
Verdadeiro perigo
Na mente dos boçais...

Corri pr'o quarto
Acendi a luz
Olhei no espelho
O meu tava lá
Ainda bem
Que eu não tô na TV
Senão ia ter que cortar...

Ui!
Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Eu quero Sexo! Me dá Sexo!
Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Eu quero Sexo! Vem cá Sexo!

Bom! Vá lá, vai ver
Que é pelas crianças
Mas quem essa besta pensa
Que é prá decidir?
Depois aprende por aí
Que nem eu aprendi...

Tão distorcido
Que é uma sorte eu não
Ser pervertido
Voltei prá sala
Vou ver o jornal
Quem sabe me deixam
Ver a situação geral
E é eleição, é inflação
Corrupção e como tem ladrão
E assassino e terrorista
E a guerra espacial
Socorro!...

Eu quero Sexo! Me dá Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Sexo!
Me dá Sexo! Me dá Sexo!
Eu quero Sexo!

Sexo! Eu quero Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Me dá Sexo! Me dá Sexo!
Eu quero Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Sexo!

Sexo! Eu quero Sexo!
Como é que eu fico sem Sexo?
Vem cá Sexo! Senta Sexo!
Vem cá Sexo! Me dá Sexo!
Solta Sexo!

24 janeiro 2010

Cratera


Imaginemos a imagem acima como a minha conta bancária.
As várias crateras pequenas serão as minhas contas mensais: água, luz, gás, cabo, net, etc e coisa e tal.
A enorme cratera central será a conta da revisão do meu popó.

Parece que, ao contrário do que se passa na lua, o resto do mês vai ter uma intensa gravidade...

21 janeiro 2010

Livro de instruções

O meu sol está na oficina para a revisão e estou com um carro emprestado pelo Stand da marca. Acho o carro confortável e tal, mas tem imensos botões. Botões para os vidros, para os retrovisores, para o rádio, para o cruise control, botões e mais botões. Tal é a confusão de botões que ainda não dei com o botão que "sopre" o ar para o vidro quando este fica embaciado!
Assim não! Tenho saudades do tempo em que, para guiar um carro, não necessitava de briefing ou livro de instruções. Aliás, sempre achei piada ao livro. Sempre com a foto do carro em branco e o desenho dos comandos e botões (essenciais) com as respectivas funções identificadas. Será que há pessoas que necessitam das informações das primeiras páginas "tipo": "como ligar o automóvel"?

Por causa dessa história dos milhentos botões e livros de instruções, numa conversa com uma amiga, ficamos a conjecturar sobre a utilidade daqueles manuais nos aviões prestes a cair.
Na Natgeo está sempre a passar um programa sobre acidentes aéreos. Em (quase) todos existe uma parte em que se acende uma luzita qualquer. O primeiro fulano a reparar no pisca-pisca (nada a ver com o post anterior), que nunca é o engenheiro de voo, diz a este último para ir ver do que se trata ao manual de instruções. A primeira pergunta é: esse engenheiro é o Sócrates? Se o gajo é engenheiro aeronáutico daquele modelo de avião, não deveria conhece-lo de trás para a frente? Podem dizer: sim claro, e tu conheces as pu"#$ das doenças todas, não? Ok, eu não conheço, mas ninguém ainda deu entrada no centro de saúde com uma luz a piscar...
E até parece que o avião está a espera de que o engenheiro, finalmente, descubra para que porra serve aquela luz para desatar a cair. Parece dizer: "demoraste muito, agora é tarde".
Com o avião a pique, com o nariz apontado para o solo, as imagens ficcionadas do cockpit mostram o homem, agarrado ao banco, a gritar o que ele pensa que se passa. Acho que é o que menos interessa naquele momento, o piloto quer é uma solução... e rápida.
Talvez deva existir, nos manuais dos aviões, um aviso do tipo: "se acender essa luz significa que estás Fod"#$". Era mais simples e evitava dramas desnecessários.

Voltando aos automóveis e seus botões, num domingo qualquer, estava a assistir ao TVturbo da Sic Notícias. Nesse programa faziam a "antevisão" (essa palavra é linda) do novo Opel Astra, passe a publicidade. Parece que o tabliê do carro tem 65 botões!
Acho que tinham botões para tudo menos para ejectar o condutor. Aliás, ter um botão de ejectar num carro desses seria um perigo: o que é que um fulano faz quando não sabe para que servem os botões? Experimenta todos! Era ver gajos a voar nas auto-estradas.

Parece-me que, com a quantidade de botões que os carros vão ganhando, vamos necessitar, num futuro próximo, de um engenheiro no banco de trás...

E já nem falo dos extras todos que um gajo pode por numa viatura... mas posso vir a falar.


19 janeiro 2010

Pisca-pisca

Em 1994, minha família regressou do Brasil. Tinha eu 18 anos e, no auge das hormonas, não encaixei esse regresso da melhor forma.
Ora vejamos, um fulano, com a liberdade proporcionada por uma carta de condução fresquinha, numa cidade com cerca de 20 milhões de habitantes (incluindo muitas "brasileiras", vejam bem!), onde existe de tudo à mão, não pode encarar muito bem a permuta para uma pachorrenta aldeia com 500 moradores (incluindo muitas idosas portuguesas tradicionais, bigode abrangido).
Em casa dos meus pais foi um pandemónio. Foi uma época de revolta intensa mas oprimida pela dependência (financeira e afins) dos pais.

A coisa serenou um pouco depois que o meu pai adquiriu um popó. Na altura, havia sido lançado no mercado o novo Seat Ibiza. Naquele tempo, era uma opção interessante: motor e materiais semelhantes aos VW a um preço mais acessível. O carro era bonitinho e, o melhor, ainda não estava associado ao "azeituning".
Esse carro passou a ser o carro da família e foi nosso durante anos a fio.
Nele, vivi aventuras extraordinárias. Foi meu companheiro em Coimbra, durante o curso. Foi minha sala, quarto e biblioteca em muitas ocasiões. Foi meu estúdio durante as viagens. Foi meu confessionário. Soube muito dos meus segredos e guardou-os com ele.
Foi um amigo especial e com ele fui criando novas memórias que, embora não apagasse as que tinha, foi diminuindo a minha "raiva" pela deslocação para cá.
Hoje, como escrevi num post anterior, adoro o Brasil, mas amo Portugal, e ele teve participação nessa metamorfose interior.

Vinha eu, noutro dia, no meu novo Seat Ibiza (ficamos fãs da marca, fazer o quê?), quando, mesmo à minha frente, revejo o meu amigo de 4 rodas.
Estava ali, tal e qual o tinha visto pela última vez.
Confesso que me senti traído. Quase como um filme porno, acusei-o de se ter entregue a outro alguém; de se ter deixado penetrar por outro...
Por kms, o meu velho companheiro, arrepiou caminho à minha frente. Senti uma nostalgia enorme e ele pareceu confessar-me os meus próprios segredos e pecados. Lembrei-me dos beijos dados ao som do seu rádio, das noites de maluqueira dos sábados, dos dias inteiros a estudar no seu interior, das idas à praia. E ele a lembrar-me que nunca me deixara na mão.
Por fim, o seu "amante" põem o pisca para a direita e o meu ex vai-se embora.

E posso vos jurar que senti que, aquele sinal de pisca-pisca, foi uma espécie de: "se eu pudesse falar o que sei..."






Deixo-vos com esta bela obra lírica que me recordou o título deste post:


16 janeiro 2010

Hai(de)ti

Milhares se calaram, outros estão prestes a se calar. Os restantes vociferam, choram e esperam a sua vez.

É incrivelmente triste. O que se passou no Haiti (tal como o que se passou na Ásia em 2004) é horrendo. Milhares de vidas que se perderam e a humanidade ficou mais pobre.
Nós, com estes milhares de kms que nos separam, vamos sofrendo com o que nos vai chegando. O desespero é tão grande que parece ter chegado um "maremoto emocional" a todos os cantos.
E não podemos fazer nada. Podemos doar alimentos, roupas, dinheiro, mas não doamos o essencial: uma mão. E isso me tem afectado.
Cresce a vontade de ajudar de outra forma. Cresce a vontade de estar lá, de tirar uma pedra, de libertar alguém, de coser, de tratar, de amparar. Esta impossibilidade mói...

No meio disto, liga-se a televisão e a "obrigatoriedade de informar" implica mostrar imagem de corpos trucidados, crianças a chorar, fome e destruição por toda a parte.
E a angústia aumenta.

Chega! Quando é que a decência e o bom senso retornam à casa mãe? Isso não é informar. Isso não ajuda ninguém, apenas aqueles que tem um desejo mórbido pela desgraça alheia.

Desligo a televisão. Peço que nunca apareça o meu corpo seminu, ensanguentado, perdido em meio a entulho e ferro retorcido, como um pedaço de carne sem história.

E se não posso estar lá fisicamente, estarei de outra forma.

13 janeiro 2010

De qualquer lugar

Paula Lisboa vivia em Coimbra, mais propriamente na Rua de Tomar. Morava com a melhor amiga, Joana Guimarães, uma rapariga que conhecia dos tempos de liceu, em Braga.
As duas eram estudantes de Geografia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e estavam no 3º ano.
Paula namorava com João Porto, que era albicastrense e vivia na Rua de Saragoça. João estava no último ano de Relações Internacionais e sonhava viver com Paula para Paris, Roma ou Londres.

Muitas vezes, nas noitadas, juntavam-se num bar da Rua do Brasil, com os melhores amigos: Rui Guarda, Carla Beja, ambos de Setúbal e um colega brasileiro de São Paulo, Washington Évora. Iam dançar para a Brodway ou para a States e bebiam sempre um Manhattan.

A vida era muito boa naquela altura

Paula tinha planos para o futuro: formar-se, conhecer o mundo, criar uma família. Ela, que nascera em Angola, nunca mais havia voltado à África e ansiava por (re)conhecer o “continente negro”.

Foi quando surgiu Francisca.

Francisca Santiago era uma linda rapariga. Seus traços exóticos denunciavam a mescla de genes indianos e lusos. Era caloira de relações internacionais, na mesma faculdade de Paula, e vinha numa espécie de intercâmbio entre as Universidades de Coimbra e de Goa.

Paula adoptou Francisca como sua caloira. Apresentou-a aos amigos que logo se deixaram enfeitiçar pela doçura da moça. Francisca tinha esse poder asiático de encantamento.

Francisca passou a ser a melhor amiga de Paula…









































No entanto, João Porto, namorado de Paula, traiu-a com a sua nova melhor amiga e ela, como boa geógrafa que era, mandou-o para a puta que o pariu!






Disneylândia
Titãs

Filho de imigrantes russos casado na Argentina
Com uma pintora judia,
Casou-se pela segunda vez
Com uma princesa africana no México

Música hindú contrabandiada por ciganos poloneses faz sucesso
No interior da Bolívia zebras africanas
E cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos íncas no museu de Nova York

Lanternas japonesas e chicletes americanos
Nos bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas
Passam na rede dc televisão em Moçambique

Armênios naturalizados no Chile
Procuram familiares na Etiópia,
Casas pré-fabricadas canadenses
Feitas com madeira colombiana
Multinacionais japonesas
Instalam empresas em Hong-Kong
E produzem com matéria prima brasileira
Para competir no mercado americano

Literatura grega adaptada
Para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suiços falsificados no Paraguay
Vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe
Na baixada fluminense

Filmes italianos dublados em inglês
Com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné

Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália

Crianças iraquianas fugidas da guerra
Não obtém visto no consulado americano do Egito
Para entrarem na Disneylândia

12 janeiro 2010

Coração distraído


Agora, mesmo agora, lembrei-me de ti.
Acontece-me tantas vezes...
Assim, de repente, sem estar à espera.
Agora, exactamente como há dois minutos atrás.

Lembrei-me porque o coração bateu à porta
E perguntou à minha mente onde estarias.
E ela tentou lembrar-se do teu sorriso,
Do teu cheiro e do teu calor,
Dos teus gigantescos
olhos cheios de vida
Que quando se abrem, quase, permitem que te veja a alma.
Vagueou por memórias "prazerosas"
(Alimento da saudade).

A mente, depois destas lembranças,
Perguntou ao coração onde estaria ele com a "cabeça".
Afinal, ela mora bem lá dentro do músculo cardíaco,
num quarto quente e confortável.

O coração acalmou-se... por uns instantes.

10 janeiro 2010

Santo do caraças

"Santo padroeiro de Paraitinga é achado em escombros" G1

Parece que no meio de uma catástrofe onde houve feridos, destruição e terror, lá foi encontrada, no meio de escombros, uma imagem de um santo praticamente intacta.
Isso é que ser santo! As pessoas desesperadas, ameaçadas e com a vida por um fio, e o santo a salvar o próprio couro!

Aleluia!

09 janeiro 2010

Eu gosto é de mulher

Não podia deixar de escrever sobre o dia de ontem.
Parece que agora as pessoas podem casar com quem quiserem. Parece que é possível, finalmente, quem ama alguém, passar o resto da vida com essa pessoa, usufruindo dos mesmos direitos (ou quase) de qualquer outra dupla.
Tempos houve em que eu teria sido contra a lei aprovada ontem. Eram tempos no qual reinava o produto de uma educação católica, de direita e heterossexual tradicional. Esta educação forçava-me a avaliar como certo apenas o que era comum ou vulgar: uma normalidade condicionada.
Hoje mantenho-me heterossexual e levemente pendente para a direita, mas as experiências de vida levaram-me a encarar todos os cenários como possíveis.
Actualmente, não tenho pruridos em falar sobre o casamento homossexual. Não me custa aceitar que uma pessoa queira viver até o fim dos seus dias na companhia de quem ama, independente da cor, religião, posição política, profissão, cor clubística ou orientação sexual.
O que me custa, hoje em dia, é ver parceiros condenados a viver em relações falidas apenas porque "deus" impôs, ver mulheres batidas e violadas por mentecaptos, homens agarrados a mulheres irascíveis e fibromiálgicas, raparigas agarradas a príncipes que nunca deixarão de ser sapos. O que me custa é ver relações coladas com tudo, menos amor. Isso não quer dizer que estes problemas não ocorram com os homossexuais, onde também existem agressores e afins...
O que me custaria, ainda mais, era ter que ir às urnas votar esta lei. Custa-me ter que aguentar com a retórica do clero e beatas mal fodi"#! que vem para a televisão cuspir o seu ódio e intolerância. Se fosse para decidir se queria a porra do TGV, auto-estradas, 3ª travessia sobre o Tejo, ajudas a bancos, etc e coisa e tal, ía a correr para as urnas votar um valente NÃO!!!

A mim não mete medo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o que mete medo são comentários como os proferidos (no jornal da SIC, se não me engano) por um rapazinho, dos seus 20 anos, que professa o fim da raça humana com a aprovação dessa lei. A esse rapaz digo apenas que a lei não o obriga a casar com outro rapaz e que ele pode tentar passar os seu genes para a próxima geração... embora isso seja deveras deprimente.


Agora um vídeo para provar que sou hetero
Mr. Green



E a versão da Ana Carolina:




Eu Gosto De Mulher
Ultraje a Rigor
Composição: Roger Moreira

Vou te contar o que me faz andar
Se não é por mulher não saio nem do lugar
Eu já não tento nem disfarçar
Que tudo que eu me meto é só pra impressionar

Mulher de corpo inteiro
Não fosse por mulher eu nem era roqueiro
Mulher que se atrasa, mulher que vai na frente
Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente

Mulher de qualquer jeito
Você sabe que eu adoro um peito
Peito pra dar de mamar
E peito só pra enfeitar

Mulher faz bem pra vista
Tanto faz se ela é machista ou se é feminista
'Cê pode achar que é um pouco de exagero
Mas eu sei lá, nem quero saber,
eu gosto de mulher, eu gosto de mulher
eu gosto de mulher

Ooo ooo ooo oo
Eu gosto é de mulher!
Ooo ooo ooo oo
Eu gosto é de mulher!
Ooo ooo ooo oo
Eu gosto é de mulher!
Ooo ooo ooo oo
Eu gosto é de mulher!
Ooo ooo ooo oo
Eu gosto é de mulher!

Nem quero que você me leve a mal
Eu sei que hoje em dia isso nem é normal

Eu sou assim meio atrasadão
Conservador, reacionário e caretão

Pra quê ser diferente
Se eu fico sem mulher eu fico até doente
Mulher que lava roupa, mulher que guia carro
Mulher que tira a roupa, mulher pra tirar sarro

Mulher eu já provei
Eu sei que é bom demais, agora o resto eu não sei
Sei que eu não vou mudar
Sei que eu não vou nem tentar

Desculpe esse meu defeito
Eu juro que não é bem preconceito
Eu tenho amigo homem, eu tenho amigo gay
Olha eu sei lá, eu sei que eu não sei,
Eu gosto é de mulher Eu gosto é de mulher

[Refrão]

Eu adoro mulher!
Eu não durmo sem mulher!

06 janeiro 2010

Desafi(n)o

Desafiou-me a Stôra Denise. Pedia ela que eu fizesse um auto-retrato. Há já algum tempo, "postei" um texto meu dos tempos da borbulha na cara, mas vamos lá ver o que me sai agora.

Eu sou um fulano não muito aprazível ao primeiro contacto. Sou assim, porquê já tive algumas decepções na vida e agora investigo antes de investir. No entanto, se considerar que vale a pena, torno-me num bom amigo.

Sou sonhador. Perco-me muitas vezes em cenários estranhos. Vivo situações inventadas (quase) como se fossem verdadeiras. É algo que me acompanha desde a infância e que pretendo manter; assim estou sempre entretido com alguma coisa.

Adoro música. Eu nem conheço os barulhos do meu carro, tal é o volume da música no interior do bólide. Entro em transe muitas vezes ao som de determinadas composições e, estas, são uma grande fonte de inspiração dos meus devaneios.

Gosto de futebol. Gosto de ver, discutir e, principalmente, jogar. A quantidade de endorfinas que segrego num só remate dava para por metade dos toxicodependentes de Coimbra numa trip do caraças!

Adoro a minha família. Faria tudo pelas minhas duas mulheres. Por vezes fico assustado...

Gosto muito mais de escrever do que de ler.

Gosto de uma noite com os amigos. Uma noite daquelas que inclua um bom jantar, piadas e histórias estúpidas/estranhas, uma cartada e um abraço de despedida depois de combinarmos a próxima noitada.

Gosto do Brasil, mas amo Portugal.

Sou viciado em café.

Não gosto de me auto-retratar. É dificílimo e, quase sempre, peca-se por defeito ou excesso. Prefiro os outros a fazê-lo...

E eu me amo... muito às vezes.



Eu Me Amo
Ultraje a Rigor

Há quanto tempo eu vinha me procurando
Quanto tempo faz, já nem lembro mais
Sempre correndo atrás de mim feito um louco
Tentando sair desse meu sufoco
Eu era tudo que eu podia querer
Era tão simples e eu custei pra aprender
Daqui pra frente nova vida eu terei
Sempre a meu lado bem feliz eu serei

Refrão
Eu me amo, eu me amo
Não posso mais viver sem mim

Como foi bom eu ter aparecido
Nessa minha vida já um tanto sofrida
Já não sabia mais o que fazer
Pra eu gostar de mim, me aceitar assim
Eu que queria tanto ter alguém
Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém
Longe de mim nada mais faz sentido
Pra toda vida eu quero estar comigo

Refrão

Foi tão difícil pra eu me encontrar
É muito fácil um grande amor acabar, mas
Eu vou lutar por esse amor até o fim
Não vou mais deixar eu fugir de mim
Agora eu tenho uma razão pra viver
Agora eu posso até gostar de você
Completamente eu vou poder me entregar
É bem melhor você sabendo se amar



03 janeiro 2010

A terra dos feios


Em resposta ao desafio "Beleza" da Fábrica de Letras.


A terra dos feios

Na terra dos feios, tudo era feio.
As ruas da terra dos feios eram feias, os carros eram feios, as casas eram horríveis, a comida tenebrosa, o ambiente aterrador.
As pessoas da terra dos feios eram… feias, claro está. As pessoas casavam-se e tinham filhos feios, vestiam-se com roupas feias e viviam a sua existência isenta de beleza.
Mas as pessoas da terra dos feios aceitavam a sua feiura. Aliás, para eles, a noção do que era feio ou bonito não existia, e assim eram felizes.

A terra dos feios estava afastada da civilização. Para chegar à terra dos feios, era necessária uma viagem penosa por estradas perigosas, esburacadas e… feias.
Não existia electricidade e outro meio de comunicação senão um telefone e o correio. As pessoas, praticamente, não tinham contacto com outros que não fossem dali e permaneciam como uma ilha em pleno continente: isolados.
As pessoas tinham poucas posses. O pouco que se amealhava vinha da venda dos produtos da agricultura a comerciantes da cidade mais próxima. Sem posses e com tudo o que precisavam logo ali, nunca saiam da terra dos feios. Não havia imigração e os poucos, que saíram da terra, nunca mais regressaram.

Bela nasceu e cresceu na cidade dos feios. Era feia como as irmãs, pais e avós. Tradição de família. Porém, não era mais feia que a filha do vizinho. Eram ambas feias.
Bela estudou na mais feia (e única) escola da terra. Compartilhava a carteira com uma colega igualmente feia e sonhava namorar com o rapaz mais porreiro da turma. Esse, no entanto, estava apaixonado por uma bola, coisa de rapazes que crescem mais tarde.

Foi mais ou menos nesta altura que o progresso chegou à terra. Começavam a ser “plantados” os primeiros postes que trariam a electricidade à população. Com a chegada da “luz”, chegaram também outras modernidades. Primeiro foi uma, depois duas, mais tarde todas as casas estavam equipadas com uma televisão. Os populares começaram a ver as notícias e a ficção dos outros. E começou a ser introduzido um novo conceito: a beleza.
As pessoas começaram a estranhar as feições, a vestimenta e os trejeitos dos que apareciam na televisão. Começaram a se olhar de forma diferente. Deixaram de se ver como iguais. Iniciaram as comparações mútuas. Afinal existiam diferenças entre os nativos. Afinal a filha da vizinha era mesmo mais feia. Afinal o rapaz até podia ser o mais simpático da turma, mas não era definitivamente o mais bonito e perdeu o encanto.

Bela foi apanhada no meio da mudança. Começou a dar ao espelho uma importância que antes não lhe reconhecia. Desejou comprar os vestidos das meninas da novela e usou maquilhagem pela primeira vez.
Bela começou a ser cortejada pelos rapazes da terra, e compreendeu o significado do seu nome. Afinal era a bela, a mais bela da cidade. Sentiu algo que nunca sentira antes, um orgulho estranho. Começou a andar em bicos de pés e de nariz empinado. Sua companheira de carteira deixou de ser igual a ela e passou a ser a feia. Mudou-se de carteira e tentou encontrar uma colega mais digna da sua companhia. Perdeu amigos e arranjou modelos.
A sua beleza mudou-se do seu interior e alojou-se exclusivamente no seu invólucro. Tornou-se oca e supérflua.
E não foi a única a mudar.

A terra dos feios entrou numa metamorfose nunca antes vista. As casas passaram a primar pela cor e arrumação. As estradas estavam cuidadas e a escola decorada. Inauguraram-se novos prontos-a-vestir, cabeleireiros e perfumarias. A revolução da beleza chegara finalmente.
No entanto, as pessoas deixaram de se cumprimentar. Ninguém acenava a cabeça ou sorria. Passavam uns pelos outros e miravam-se dos pés à cabeça. Via-se e reconhecia-se algo que nunca existira antes: a inveja.

A terra dos feios terminou a metamorfose, passou de lagarta feia para borboleta rara. E, apesar de tantas mudanças e de tanta beleza, a terra dos feios manteve-se feia… cada vez mais.


Luís Fernandes Lisboa
®



Tim Maia: Imunização Racional (Que Beleza)

02 janeiro 2010

01 janeiro 2010

Começa bem...

"Nova Zelândia foi o 1º pais a entrar em 2010!" Telejornal RTP

Que coincidência, no ano passado foi igual!
E pró ano, qual será o 1º?




Isso é reciclagem jornalística, meus amigos!