25 agosto 2006

O torcicolo

Estou com torcicolo!!!

Quando conhecemos alguém e encontramos esse alguém na rua, por etiqueta, o cumprimentamos. Fazemos um gesto de simpatia, uma pequena cortezia.
Há vários tipos de cumprimento. Uns sorriem, outros dizem olá, outros ainda levantam a mão.
Mas há um tipo de aceno que me irrita: o cumprimento com a cabeça.
Esse consiste num movimento, para cima e para baixo, quase imperceptível. Parece um movimento do chicote. Faz um bem danado para a coluna.
Os idosos, por norma, privilegiam este a qualquer outro cumprimento.
Fui à terra dos meus pais este fim-de-semana, voltei com torcicolo.

A festa de agosto

Aqui na minha "terra" as festas de verão realizaram-se no passado fim-de-semana.
Merecia um estudo de psicologia social. Toda a festa de agosto é algo de pitoresco, de cultural e incultural também; é um universo paralelo. Para quem quiser conhecer as várias facetas da vida na aldeia, devia, definitivamente, ir a uma festa em honra de um santo qualquer e de uma aldeia qualquer, seja Aldeia-de-baixo ou -de cima.
Na "minha" festa teve igreja, arraial, bailarico, bar, quermesse, enfim, toda a parafernália que, ano após ano, teima em surpreender.
Na "minha" festa houve procissão, onde as mulheres seguiam o xôr prior, a rezar, segurando velas. Deram a volta à igreja e passaram, estratégicamente, à frente do bar, onde os maridos, esses pecadores, de imperial na mão brindavam a honra de deus (baco?).
Na festa havia barracas da Ti Maria Tramoçeira, de balões, de (mais) imperial de cds pirastas e de muitas outras coisa inúteis.
Na "minha" festa houve rancho folclórico, houve filarmónica e velhinhos a dizer que "no meu tempo é que era, agora...".
Nessa festa havia imigrantes. Mooonnnntttesssss de imigrantes. Mas mesmo um mar deles. Vocês não estão a ver. Resmas, paletes, molhadas dele. Eles falam linguas estranhas, que não são reconhecíveis. Há quem diga que é françês, outros dizem que non. Até há quem fale que são os imigrantes de França os responsáveis pelo vento de Agosto aqui na zona, mas je pense que non!
Também teve o Srº organista, que insistiu no "chupa teresa" e no "apita o comboio", e os dançarinos que insistiram em se divertir com isso. Depois do organista houve um banda qualquer para as gentes jovens.
Entre o organista e a banda houve o leiloeiro. Esse personagem é um Srº conhecido da aldeia, que grita e cospe ao microfone enquanto tenta leiloar qualquer porcaria em nome do tal santo. Ainda grita em escudos: "é mile escudos!! É mile! É mile!"; não há santo que aguente.
Na festa houve jogos. Uns mais estúpidos, outros menos, mas estúpidos na mesma. O mais popular deste ano consistiu em acertar com um martelo num prego e "enterra-lo" num tronco com o mínimo de marteladas; no mínimo grotesco, mas o pessoal " se adverte".
Quando "deu" meia-noite, houve fogos. Algo inteligentíssimo. Pleno verão, seco, pinhal à toda a volta, nada mais sensato do que tentar acender essa fogueira gigante. Pelo menos a "terra" apareceria na TVI.
No fim da festa houve bebedeiras, aqui também conhecidas como cabras. Houve muitas cabras, portanto, no fim da festa; cabras, cabronas e cabritinhas ( o que me faz lembrar o organista de novo).
Esqueçam a pena de morte ou a prisão perpétua. Levem seus criminosos às festas!
Pró ano há mais.

Frase da semana

Bem, não é desta semana, mas vale a pena recordar!

" (...) o estado das nossas florestas não está no estado que deveria estar... quando vemos as imagens em chamas na TV(...) - António Costa, Ministro de Estado e da Administração Interna

Ai o estado do nosso Estado!