18 novembro 2012

Cenas de um casório #4

Premissa: desde pequeno que, ao beber um iogurte líquido, entretenho-me com a garrafa a tentar lamber as últimas gotas.


Eu com a garrafa do iogurte.
Ela: "epá, para de lamber isso! Não vês que já não há iogurte?"
Eu:  "Lamber? Não. Não estou a lamber, estou a treinar"

14 novembro 2012

Trocadalhos do Carrilho

A Jonet não come bifes, o Passos Coelho; 
Eu não sou tonto mas o Jos'é Seguro; 
Eu chego sempre atrasado, o Miguel e o Paulo Macedo; 
A Cabelereira alisa cabelos, a Assunção Cristas; 
Um carro só liberta CO2, o Mota Soares; 
Quando estou parado bebo tinto mas Aguiar-Branco; 
Eu colecciono selos e o Carlos Moedas; 
O José Cid come fava, o Nuno Crato; 
Fogem o diabo e a Paula da Cruz; 
Os fantasmas atravessam paredes, o Paulo Portas; 
O primeiro ministro come alfaces, o Miguel Relvas; 

Os portugueses riem-se dos palhaços do circo, o Governo de Portugal.

05 novembro 2012

Cenas de um casório #3

Gastando todo o meu inglês:

"Can i touch your ass?"
"Nop"
"Can i squeeze your boobs?"
"Na"
"Can i lick your kitty?"
"No way"
...
"Can i kiss your lips?"
"Course!"
...


"You know? I was close to give up..."

04 novembro 2012

Pai Sofre XXVIII - Os olhos da mão



Quando era miúdo, e quando mexia em algo que não devia, era frequente ouvir: “ei, não mexas nisso! Tens os olhos nas mãos, por acaso?”. Quando pequeno não era reguila ou maroto, mas reconheço que era um mexilhão. Assim, ouvi aquela frase milhares de vezes ao longo da minha infância.
Apesar de tudo, sempre achei piada àquela expressão. Realmente, quando bem aplicada, tem a sua graça.

Isso para dizer que “quem sai aos seus…”.
O meu mais novo tem os olhos nas mãos. Gosta de apalpar tudo o que o rodeia. Gosta de sentir a consistência, a resistência, a textura da matéria à sua volta. Gosta de pesquisar as coisas que estão ao seu alcance com uma visão que não necessita de globos, órbitas ou lentes. Não se contenta em ver com os olhos da cara e quer experimentar os outros sentidos, nomeadamente o tacto e, esporadicamente, o paladar.
Assim, dessa forma, é difícil ficar indiferente ao perigo que correm as coisas que ficam à mão de semear. Meus discos, os DVDS, os bibelôs vários, álbuns de fotos até “tremem” à sua passagem e à eventual possibilidade de pararem nas suas manápulas. Algumas delas já jazem num aterro sanitário qualquer depois de um encontro imediato do terceiro grau.

Desde que o rapaz obteve a liberdade dada pelo andar que tudo em casa ficou à sua mercê. Na casa-de-banho foi o papel higiênico que ganhou outra utilidade: decoração; e os produtos de higiene servem para limpar também materiais inorgânicos. No corredor, os livros da estante começaram também a conhecer outras disposições. Nos quartos, os brinquedos raramente permanecem no sítio por muito tempo. Todas as fotografias emolduradas expostas são para por para baixo (vergonha dos modelos?).
No entanto, o pior acontece quando a curiosidade impele o moço a abrir as portas dos armários da sala e da cozinha. As garrafas do bar e da cozinha deixaram de estar deitadas e já foram de encontro ao chão algumas vezes (salve o tapete que amortece a queda!). Alguns pratos já pariram “pratinhos”, bem como alguns copos. Os talheres já serviram como baquetas contra a escada de alumínio, numa estranha batucada. Os produtos de limpeza, dado aos brilhantes e coloridos autocolantes, passaram a ser inimigos do bem-estar.
Extensões com interruptores iluminados são para ligar e desligar e todas as máquinas que tenham botões são para apertar.

Com isto, as idas àquelas casas de lembranças, faianças e cristais estão fora de cogitação (não que eu me importe muito com este “inconveniente”).

Com toda essa curiosidade e necessidade em pesquisar tudo com as pontas dos dedos, começo a ficar preocupado quando o rapaz for para a escola…

 Imagem daqui

03 novembro 2012

Um novo holocausto

Leiam estas notícias com atenção:  

"Na Grécia já há 600 mil pessoas abandonadas pelo sistema de saúde" 

"Os médicos Robin Hood da Grécia"

A palavra holocausto tem origem grega e relaciona-se com sacrifícios feitos em honra de diversas divindades.
Hipócrates, também ele grego, é considerado o pai da medicina.

É estranha esta relação entre "holocausto", "medicina" e "Grécia". Estas notícias, que aqui publico, demonstram realmente haver novos sacrifícios em nome de uma divindade moderna: a tróika.
Em nome da tróika, nestes últimos anos, muitos "europeus" morreram e muitos outros, milhares mesmos, estão condenados.
Essa nova divindade parece ter cada vez mais seguidores dentro dos governos deste e doutros continentes. Na procura de milagres que supram desejos obscuros, vão-se juntando e atirando às piras económicas povos inteiros. Ardem direitos, sonhos e vidas.
Que tróika é essa? Que poderes tem? Quem está por trás dessa entidade mágica? Para quem faz ela milagres?
A idolatria por este deus é como uma doença contagiosa.

É extremamente preocupante a rapidez e facilidade desse contágio. Em Portugal, o SNS está prestes a entrar neste mesmo jogo doentio e, como dizem os brasileiros, a coisa vai começar a ficar grega! 
Um exemplo é essa "refundação" da Pátria, proposta pelo PM, onde se pondera a privatização também dos Centros de Saúde, panteão mais puro e sagrado do SNS, primeira porta a bater quando se necessita de cuidados de saúde.

Depois da "racionalização" (ou será "racionamento") dos medicamentos oncológicos, propostos por uma comissão qualquer com pouca ética; depois do aumento astronómico e indecente das taxas "moderadoras" (entre aspas porque é um conceito ridículo e enganoso: essas taxas nada moderam!); depois da queda da comparticipação dos medicamentos e da selvajeria das trocas de substâncias nos balcões das boticas; vêm ai grandes mudanças no SNS... para pior, muito pior. Vai ser iniciada a "matança" dos utentes dos ficheiros dos Médicos de Família; vão ser entregues, às mãos de grupos económicos bem conhecidos, mais e mais instituições públicas de saúde; entre outras medidas que, insidiosamente, vão corroer o único serviço público que (ainda) funciona com qualidade.

É difícil, para quem está do lado de cá da barricada, ficar indiferente às cada vez maiores dificuldades dos doentes. É-nos difícil lidar com as alterações quase diárias na atribuição de isenções, ou nos critérios de transporte, ou na comparticipação de medicamentos. Isso sem contar com o verdadeiro big brother a que se está sujeito no desempenho da actividade.

O que interessa é que se deve, em nome da santa tróika, gastar o menos possível. Independe de guidelines ou linhas orientadoras internacionais, isso nada importa. O que realmente importa, e o que este governo quer, é que os médicos curem com água, que os enfermeiros tratem com guardanapos, que os administrativos trabalhem com penas e que os auxiliares limpem com trapos e cuspo. 

Não quero ser carrasco neste novo holocausto proposto por uma espécie de nova Hécate. Não quero ser co-responsável pela morte de utentes ao cumprir normas rígidas desprovidas da maior arte da Medicina: o "bom senso". Talvez fugindo dessa responsabilidade se vejam partir, para paragens mais racionais e civilizadas, inúmeros médicos e enfermeiros, depauperando, assim, este luso rectângulo.
Resta-nos pensar em fazermos nós alguns sacrifícios. Sacrifiquemos políticos, banqueiros, especuladores. Sacrifiquemos essa corja em nome de Ares e Hades