31 dezembro 2010

16 dezembro 2010

Pai sofre XVI: Esperanças renovadas

Estávamos há cerca de 1 hora à espera da minha colega. Esperávamos naquele serviço para termos a certeza do "se" e do "tempo".
Chamaram-nos.
Pé-ante-pé fomos atrás daquela bata branca. Conversávamos trivialidades pois a senhora era minha conhecida da faculdade. Nós retribuíamos sorrisos ansiosos, de cortesia, já que nossa mente estava noutra.

Ela deitou-se na marquesa e olhou-me por segundos. Pôs-se o mais confortável que pôde e respirou fundo. Uma inspiração de nervosismo. Eu fiquei ali, com um olho nela e outro na máquina, com a esperança vã de compreender o preto-e-branco da tela.

A técnica pegou no aparelho e começou a fazer a pesquisa. Com os olhos fixos no ecrã, procurou o nosso tesouro.
Alguns segundos de demora e lá estava ele. Um pequeno ser mostrou-se, pela primeira vez, àqueles que, sem saber, o criaram.
"Querem ouvir?", perguntou a médica; "olhem, olhem"
Tum-tum, tum-tum, tum-tum (viva o doppler!)
"Já bate!"

Aquele já bate e o meu ia parando...

Vai começar tudo novamente e não existe adjectivo para descrever o que se sente.


Nota: aproveito este post para minha participação no desafio "... e acontecimentos" da Fábrica de Letras