23 setembro 2010

Pai sofre XIV - Lombalgia


Chegou uma época temida cá por casa: a tentação de andar.

Nunca pensei seriamente na liberdade que o acto de andar nos dá. Podermos nos levantar e ir para onde quisermos, pormos-nos em bicos de pé para alcançar algo ou correr representa grande parte da condição de ser humanos. Sempre me aterrorizou a hipótese de perder este poder e assusta-me tomá-lo como um dado adquirido.
Agora, imagine-se a descoberta desta habilidade multiplicada pela imensa curiosidade de quem tem quase um ano de idade? Pois...

Cada vez que chego a casa o que mais me apetece fazer é agarrar a minha menina e espetar-lhe um daqueles beijos que detestava que os adultos me dessem quando era criança. Quero espremê-la contra mim e tentar recuperar o tempo perdido ao longo da semana. No entanto, agora existe um pequeno problema: ela não está para aí virada.
A primeira coisa que ela faz quando a pego ao colo é apontar para o chão. Quer pôr-se de pé e vasculhar, à toda velocidade, todos os recantos da casa (até nos impossíveis do pai caber). Tudo seria maravilhoso se ela, por ventura, já o fizesse sozinha e não precisasse que o pai dela lhe agarrasse as mãos.

Lá vai a moça a rir-se segura pelas mãozitas por um pai curvado qual "Quasimodo" lusitano.
A situação é grave já que para ela tudo é novo, mesmo naquele corredor no qual acabamos de passar. Há sempre um detalhe, um objecto, uma sombra que merece uma investigação à polícia científica. Se encontrou um pedaço de plástico vermelho há que sentar, tentar ver se funciona, se parte contra a parede ou se sabe a algo bom e, depois de tudo testado, abandoná-lo a um canto e voltar a andar novamente, mesmo contra a vontade do pai.

Minutos passados assim e preciso urgentemente de uma massagem tailandesa. Até faço essa proposta à mãe cá de casa mas, tal como a filha no caso dos abraços, ela também não está para aí virada.

Um minuto passado horizontalmente no chão duro da sala e ouço as lamúrias de alguém que não se contenta mais em estar sentada e cujos brinquedos convencionais deixaram de fazer sentido... e o circo volta a estar montado.

Estou a precisar de uma destas:

Foto google

(Diazepam 10 mg 1/2 + 1 e Paracetamol 3id + duche quente no lombo e repouso)

14 comentários:

anouc disse...

Uma palavra: andarilho.

Catsone disse...

Se estiveres a falar da "aranha", está completamente contra-indicada: origina assimetrias, atrasos e formas erróneas de andar,para além de ser fonte de acidentes.
Prefiro a massagem ;)

Rain disse...

Eu tenho uma explicação para isso: estás velho pá! :P

(E eu cheia de dor de cotovelo de faltar à festa oficial do 1º ano...)

Lala disse...

ahahahahahah! e isso é só o começo!

Sahaisis disse...

2.5mg do diazepam deve ser suficiente mr.dad :P e não posso deixar de ficar com um sorriso a ler isto (pequeno que ainda não consigo abrir a boca toda :s)...crescer é lindo pá :D

Johnny disse...

Eu lembro-me de andar a brincar com um desses seres que começara a andar recentemente (teria prái dois anos de idade o puto). Estava aos saltos na cama e num repente decidiu saltar para trás, para fora da cama. Nunca me assustei tanto na vida e nunca vi um sorriso tão grande na cara de um miúdo que teve prestes a cair de cabeça no chão... sem dar conta disso, claro.
Aí também fiquei à rasca das costas.

Demian disse...

A forma como descreves o crescimento da tua descendente, é deliciosa, meu caro amigo.

Até eu, que tinha jurado jamais me meter nessas andanças, começo a ter curiosidade em experimentar esse tipo de trabalhos. :D

Abraço

Catsone disse...

Sahaisis, é o protocolo das lombalgias por aqui. Crescer é lindo... e dorido.
bj

Johnny, eles têm essa coragem inconsciente, sai-nos do corpo assegurar que não se magoam. Às vezes ela se arrisca por baixo da mesa de jantar e bate com a cabeça, eu deixo-a estar, também não podemos estar sempre a protegê-los: têm de aprender.
Abraço.

Grave, força aí, fazê-los não custa nada, friend! LOL
Abraço.

Sahaisis disse...

cats: acho que com uma dose dessas ia andar com os olhos em bico todo o dia e toda a noite :p

Helena disse...

Pai sofre...
essa da "aranha" estar contra-indicada, repara nos teus amigos: Inês e André e é vê-los completamente "assimétricos; atrasados no andar (a Inês aos 11 meses já andava); com formas erróneas de andar altamente traumatizados com os acidentes de percurso...
Pai sofre... quando exagera na super-protecção!!! :-)) Venha já um mano(a) para a Laurinha e isso passa!!!...

Francisco José Rito disse...

Aguenta-te a bronca! :-)

Bom fim de semana, meu caro

Abracos

Catsone disse...

Sahaisis, deste-me razão, é isso mesmo que eu quero (mas repara que é 1/2 de manhã + 1 à noite) ;)

Olhem, se não é a Helena? Bem me parecia que os 2 tinham uma andar estranho, mas como me explica o que lhes vai na cabeça? :D
Beijinhos e até a festa!

Ó Franciso, tu la sabes, tu la sabes...
Grande abraço.

su disse...

nesta idade, eles são uma verdadeira delícia. vale, sem dúvida, a dor nas costas :)

andar, trepar, correr... o pitoco está ainda nos primeiros passos. começou a andar uma semana antes de completar 12 meses. é enternecedor ver o seu sorriso [com meia dúzia de dentinhos] de vitória sempre que consegue algo. e quando tenta correr? é simplesmente demais...

e eu, sempre com aquele receio que caia, que se magoe... sim, sem dúvida: estou a desenvolver uma corcundinha toda charmosa :)

o meu pitoco dá um beijinho na pontinha do nariz da pequenina :)

Catsone disse...

Caminhante, o difícil é estar a vê-los sem essa preocupação irracional de evitar que se magoem. Tento evitar super-protegê-la: "é caindo que se aprende a levantar", certo?

A minha menina manda um aperto de mãos ao teu rebento (não gosto de intimidades com a minha filha, LOL).