O espermograma devia ser o exame mais fácil de realizar por um homem (evidente). Afinal há anos que se treina para o efeito, ninguém maneja melhor a “arma” que o próprio e, o melhor, não é necessária qualquer desculpa.
Aquele último ponto é essencial: a desculpa. Um gajo começa no exercício da auto-satisfação lá pelo início da segunda década de vida. Não se sabe bem como se faz, ouvem-se conversas semi-secretas nos corredores da escola e… “parece que é assim e que depois há-de acontecer alguma coisa… epá que sensação estranha…puff…????... ooooolllááááá aaaaaaahhhhhhh “ . A partir daí passa-se a inventar desculpas para passar lustro ao bastão: é porque relaxa, é porque se conhece o corpo, é porque isso ou porque aquilo, etc e coisa e tal.
Se o intuito é relaxar vou tirar o xanax e afins dos meus utentes e por tudo à masturbação:
“- Sr. Manuel, duas vezes por dia: uma ao pequeno-almoço e outra antes do jantar”
“- E se não conseguir dormir, xôtore?”
“- Se persistirem os sintomas recorra a profissionais!”
Isso tudo para dizer que o espermograma deveria ser o mais fácil exame do mundo… mas não é! Não me perguntem porquê, é apenas intuição masculina...
A um fulano é passada a tão estranha credencial. Parece um convite para o parque de diversões: "é permitido acariciar-se para fins masturbatórios sem reprimendas". No entanto, começa logo com obstáculos difíceis de contornar: abstinência de 3 dias no mínimo. Não sei se o público feminino poderá alguma vez entender isto mas, nós, os machos, quando vamos a casa de banho “órinar” temos que , hum, agarra-lo. Passados três dias sem descascar a banana, fica difícil realizar, com segurança, este acto fisiológico.
Cumprido este duro teste, lá vai o fulano ao laboratório. Reparem que tudo isto se passa num local onde o único exame que um homem pode fazer é exactamente este. O fulano entra na sala e todas as pessoas o olham já com reprovação: “vieste cá só para a punh$%&!”.
Chega-se ao balcão:
“- Olá, bom dia. Vinha para fazer um espermograma!”
“- Bom dia. Peço desculpa, não ouvi o quê disse.”
“- Vim para o espermograma”
“- Ah. Ó Maria, está aqui mais um para a análise” ao mesmo tempo que pisca o olho.
Recebe-se um copinho como compensação pelo vexame e adentra-se um portado.
Já nas entranhas do edifício o fulano dirige-se à enfermeira. Esta lhe mostra uma porta onde se lê “sala de recolha 2” e o instrui relativamente ao procedimento da colheita. O fulano sorri, nervoso; gostava de pedir um livro de instruções para aprender como se deve descabelar o palhaço, mas faz o que a enfermeira diz e entra na sala.
Um pequeno à parte: para que um jogo do 5 contra 1 acabe em vitória, satisfatória, da equipa da casa, é necessário um conjunto de factores. O primeiro é a vontade e é portanto o mais fácil: um gajo tem sempre vontade. O segundo é que deve haver algo que estimule, um bom ambiente, uma revista, um vídeo, uma senhora desnudada, entre outras coisitas, que façam o pequeno amigo não estranhar o ambiente. Terceiro: concentração, para que deixemos o quarto factor fluir, a imaginação. O quinto factor é o silêncio, para que nada intervenha contra o terceiro e quarto factores.
Quando o fulano entra na sala faltam-lhe uma série daqueles factores, sobretudo o 1º e do 2º ao 5º. Pela 1ª vez na vida sentia mais vontade de arrancar um dente do que alisar a cobra ciclope. Mas está esperançado que a sala esteja equipada com alguns estímulos, nomeadamente revistas e vídeos, já que a senhora desnudada estava, a priori, fora de questão.
A primeira coisa que vê na sala é uma poltrona de napa castanha. Olha fixamente para o objecto inspeccionando-o à procura de manchas suspeitas, e imagina a quantidade de rabos nus que já ali haviam pousado. Fecha os olhos (os três) e senta-se na poltrona. Só aí repara no resto da sala: daquela poltrona tem uma vista, privilegiada, para uma retrete! Aquela sala é, tão simplesmente, uma casa-de-banho “adaptada” a espermódromo! Epá, assim não dá. Não há tarado no mundo que consiga concentrar-se quando, à sua frente, está a porcaria de uma sanita branca, um bidé e um espelho!
Além da extraordinária decoração sanitária, a porta da sala apresenta uma fresta tão grande, entre ela e o chão, que permite a passagem dum chiuaua. Dessa forma, ouvem-se as pessoas a passarem no corredor e falarem das mais variadas coisas, desde o governo à fome em África, o que, quer se queira, quer não, provoca sempre alguma distracção.
Para complementar, existe o detalhe do fulano estar na sala 2, o que fazia com que existisse, no mínimo, mais uma. Assim, é interessante lembrar que havia, talvez, mais um homem a fazer o mesmo, ou seja, a tocar o seu órgão na tentativa de chegar à sinfonia sublime. Dois machos nunca devem tocar o pífaro a menos de um quilómetro de distância de segurança, não é lei, mas devia!
Mesmo com todas estas contrariedades, não desiste: “é por uma boa causa”, pensou.
Senta-se na poltrona, desabotoa as calças e põem o pequeno soldado em alerta. O soldado, no entanto, está KO, em estado de coma, com um Glasgow de 3: sem resposta motora, sem resposta verbal e abertura ocular ausente. Pensa em pedir a alguém que lhe fizessem respiração boca-a-boca, e sorri com a ideia. Massagens penianas feitas e o voluntário começa, lentamente, a responder, mas, mesmo assim, com grande relutância.
Depois de 20 minutos nestas “preliminares” consegue uma irrisória erecção e começa o procedimento visando a colheita. Fecha os olhos e imagina algo minimamente erótico. Tenta inventar algumas fantasias e começa a visualizar uma praia deserta, na companhia da sua senhora, e conversa vai, conversa vem, as coisas a aquecer e de repente: “Ó Izaura, IIIIIIZZZZZZZÁÁÁÁUUUUUUUURIINHAAAAAA, passa aí o balde com a lixíbia!!!!” e lá se vai a puta da erecção…
Começa tudo de novo. Mais um intervenção do INEM genital, mais um aquecimento de 30 minutos e volta à acção. Espanca o boneco até ele lhe dar uma resposta definitiva e vomitar o conteúdo, com informação genética, no copinho.
Tarefa cumprida! O Soldado estafado, mas orgulhoso, retorna ao quartel de ganga para descansar.
O fulano volta com o troféu e entrega-o à enfermeira que estampa-o com uma etiqueta e preenche um formulário com alguma informação considerada importante.
E finiu-se. Foi uma luta desigual que acabou com o herói estafado, suado mas feliz, só faltaram os créditos finais de um filme épico/erótico de série Z.
E neste fim, aquilo que deveria ser fácil e natural, sai arrancado a ferros, com vergonha e sem qualquer prazer.
Depois disso, o singelo e artesanal acto de masturbar nunca mais será o mesmo...
5 comentários:
Simplismente d+!
Por acaso, eu própria já tinha reflectido sobre isso...
Como a mudança de ambiente muda a predisposição do "bicho" para atingir o seu objectivo...
Parece que nem 3 dias de restricção de "manobras" faz com que o "cérebro" inicie actividade logo que solicitado...enfim, coisas que "vá se lá perceber porquê?"
Já agora, porquê o espermograma para assunto hoje? LOL
Experiência pessoal?
sem...comentários...carago...
Carago, tinha perdido umas gotículas a rir quando me contaste esta merda pessoalmente mas escrito... escrito é de levar às lágrimas!!
O que vale é que a malta associa o nome de Isaura a putas bem boas... de 70 anos!
MA-S, lembrei-me assim, puff...
Bad, eu disse que ia transcrever, só não sabia quando.
Enviar um comentário