Aqui na minha "terra" as festas de verão realizaram-se no passado fim-de-semana.
Merecia um estudo de psicologia social. Toda a festa de agosto é algo de pitoresco, de cultural e incultural também; é um universo paralelo. Para quem quiser conhecer as várias facetas da vida na aldeia, devia, definitivamente, ir a uma festa em honra de um santo qualquer e de uma aldeia qualquer, seja Aldeia-de-baixo ou -de cima.
Na "minha" festa teve igreja, arraial, bailarico, bar, quermesse, enfim, toda a parafernália que, ano após ano, teima em surpreender.
Na "minha" festa houve procissão, onde as mulheres seguiam o xôr prior, a rezar, segurando velas. Deram a volta à igreja e passaram, estratégicamente, à frente do bar, onde os maridos, esses pecadores, de imperial na mão brindavam a honra de deus (baco?).
Na festa havia barracas da Ti Maria Tramoçeira, de balões, de (mais) imperial de cds pirastas e de muitas outras coisa inúteis.
Na "minha" festa houve rancho folclórico, houve filarmónica e velhinhos a dizer que "no meu tempo é que era, agora...".
Nessa festa havia imigrantes. Mooonnnntttesssss de imigrantes. Mas mesmo um mar deles. Vocês não estão a ver. Resmas, paletes, molhadas dele. Eles falam linguas estranhas, que não são reconhecíveis. Há quem diga que é françês, outros dizem que non. Até há quem fale que são os imigrantes de França os responsáveis pelo vento de Agosto aqui na zona, mas je pense que non!
Também teve o Srº organista, que insistiu no "chupa teresa" e no "apita o comboio", e os dançarinos que insistiram em se divertir com isso. Depois do organista houve um banda qualquer para as gentes jovens.
Entre o organista e a banda houve o leiloeiro. Esse personagem é um Srº conhecido da aldeia, que grita e cospe ao microfone enquanto tenta leiloar qualquer porcaria em nome do tal santo. Ainda grita em escudos: "é mile escudos!! É mile! É mile!"; não há santo que aguente.
Na festa houve jogos. Uns mais estúpidos, outros menos, mas estúpidos na mesma. O mais popular deste ano consistiu em acertar com um martelo num prego e "enterra-lo" num tronco com o mínimo de marteladas; no mínimo grotesco, mas o pessoal " se adverte".
Quando "deu" meia-noite, houve fogos. Algo inteligentíssimo. Pleno verão, seco, pinhal à toda a volta, nada mais sensato do que tentar acender essa fogueira gigante. Pelo menos a "terra" apareceria na TVI.
No fim da festa houve bebedeiras, aqui também conhecidas como cabras. Houve muitas cabras, portanto, no fim da festa; cabras, cabronas e cabritinhas ( o que me faz lembrar o organista de novo).
Esqueçam a pena de morte ou a prisão perpétua. Levem seus criminosos às festas!
Pró ano há mais.
2 comentários:
Esqueceste de referir que se nessa tal festa tu encontrares 30 vezes a mesma pessoa, essa mesma pessoa vai-te perguntar sempre a mesma coisa: "E o curso? Já acabaste?" "E emprego já tens?" "E quando te casas?" "o quê? Não tens planos de casar ainda?" "Ainda não tens um filho?? Mas já estás casado à 1 ano??" Invariavelmente, sempre as mesmas pessoas, todos os anos!! É praxe!!
e novidades amigo!! só agora e que verificas te isso??
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