Hibernação

Um dia acordas e percebes que estás noutra dimensão.
Estás num lugar sem paredes, sem tecto ou chão. Tens apenas um quadrado preenchido por linhas de escrita e imagens, ao qual a tua visão está fixa.
Não sabes se é Domingo ou Quinta-feira, se são 6 da tarde ou 2 da manhã. Não sabes o mês e não conheces o ano.
Não sabes como ali chegaste, e não imaginas o que fazer, apenas sabes que tens um objectivo, algo a alcançar.
E não se ouve nada, nesse lugar. Nem música, nem os sons do quotidiano. Apenas ecoam na tua mente palavras e frases, repetidas um sem número vezes; e mais uma vez, e outra...; de vez em quando uma voz a chamar; voz tentadora para levar-te, mas, mesmo contra vontade, ficas.
Teus músculos não obedecem.
Não tens fome, não tens sede.
Durante horas a fio, ficas ali quase inanimado.
Estás cansado... muito cansado, mas continuas.
És objecto de algo maior, que te domina, te devora, te possui.
Não dizes nada que faça sentido. Como crente, rezas uma oração imperceptível ao comum dos humanos.
Por vezes choras desalmadamente, por vezes ris feito louco, por vezes os dois em simultâneo.
Por vezes sonhas acordado.
Os que estão à tua volta, chamam por ti, rezam por ti, te impulsionam. Sentes-te mais forte.
E então sabes que está quase acabar essa clausura impercebida, essa condenação sem crime.
Tudo o que antes não tinha sentido, significado ou orientação, agora está tão claro! Como não viste isto antes?
Acaba. Tem de acabar!
Acabou. Tudo, esse lugar, fez para te deitar abaixo. Conjurou, conspirou, fez alianças, contra ti, mas conseguiste.Acabou, finalmente, o domínio do limbo!
Libertaste-te.

ACABOU!!! SOU, FINALMENTE, LIVRE!

De Catsone, um ex-estudante!!!