Quando era miúdo, e quando mexia em algo que não devia,
era frequente ouvir: “ei, não mexas nisso! Tens os olhos nas mãos, por acaso?”.
Quando pequeno não era reguila ou maroto, mas reconheço que era um mexilhão. Assim,
ouvi aquela frase milhares de vezes ao longo da minha infância.
Apesar de tudo, sempre achei piada àquela expressão.
Realmente, quando bem aplicada, tem a sua graça.
Isso para dizer que “quem sai aos seus…”.
O meu mais novo tem os olhos nas mãos. Gosta de apalpar
tudo o que o rodeia. Gosta de sentir a consistência, a resistência, a textura
da matéria à sua volta. Gosta de pesquisar as coisas que estão ao seu alcance
com uma visão que não necessita de globos, órbitas ou lentes. Não se contenta em
ver com os olhos da cara e quer experimentar os outros sentidos, nomeadamente o
tacto e, esporadicamente, o paladar.
Assim, dessa forma, é difícil ficar indiferente ao perigo
que correm as coisas que ficam à mão de semear. Meus discos, os DVDS, os bibelôs
vários, álbuns de fotos até “tremem” à sua passagem e à eventual possibilidade
de pararem nas suas manápulas. Algumas delas já jazem num aterro sanitário
qualquer depois de um encontro imediato do terceiro grau.
Desde que o rapaz obteve a liberdade dada pelo andar que
tudo em casa ficou à sua mercê. Na casa-de-banho foi o papel higiênico que
ganhou outra utilidade: decoração; e os produtos de higiene servem para limpar
também materiais inorgânicos. No corredor, os livros da estante começaram também
a conhecer outras disposições. Nos quartos, os brinquedos raramente permanecem no
sítio por muito tempo. Todas as fotografias emolduradas expostas são para por para
baixo (vergonha dos modelos?).
No entanto, o pior acontece quando a curiosidade impele o
moço a abrir as portas dos armários da sala e da cozinha. As garrafas do bar e
da cozinha deixaram de estar deitadas e já foram de encontro ao chão algumas
vezes (salve o tapete que amortece a queda!). Alguns pratos já pariram “pratinhos”,
bem como alguns copos. Os talheres já serviram como baquetas contra a escada de
alumínio, numa estranha batucada. Os produtos de limpeza, dado aos brilhantes e
coloridos autocolantes, passaram a ser inimigos do bem-estar.
Extensões com interruptores iluminados são para ligar e
desligar e todas as máquinas que tenham botões são para apertar.
Com isto, as idas àquelas casas de lembranças, faianças e
cristais estão fora de cogitação (não que eu me importe muito com este “inconveniente”).
Com toda essa curiosidade e necessidade em pesquisar tudo
com as pontas dos dedos, começo a ficar preocupado quando o rapaz for para a
escola…
Imagem daqui
6 comentários:
Ahaha... é todo despachado, o pequeno! Toca a investigar tudo! No meio dessas descobertas, os papás descobrem também todo um mundo de sensações de preocupação e pânico... é uma descoberta simultânea... =)
Por isso é que foste para medicina??? Cum caraças!!! Onde é que trabalhas? :P
O teu puto é masé muitooooooooooo normal! :)
Briseis, pois, é evitar coisas a menos de um metro do chão.
Malena, se calhar :D
Eu sei que o miúdo é normal mas, sabes, quando comparamos com a mais velha que é muito mais calma...
É o entusiasmo da descoberta de coisas novas...
ahahahahahah! miudas, cuidem-se!!! segurem essas saias!!!!
João, o problema é o grau de entusiasmo!
nAnonima, se for bem ensinadinho :D
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