14 dezembro 2011
Os 15 segundos de infâmia
Hoje, ao ver o noticiário, vi uma cena que me deixou algo mais perturbado do que já normalmente sou.
Vi uma senhora, com uma pequena menina ao colo, chateada com o nosso (pouco) querido PM.
Com a criança ao colo a senhora gritava impropérios ao digníssimo. Chamou-o cabrão, filho da puta entre outros adjectivos pouco abonatórios.
Com a criança nos seus braços avançou em direcção à polícia que entretanto montara cerco. Escudou-se na menina e foi de encontro ao "muro" então formado. Foi, como é óbvio, afastada com muito pouco carinho.
Então ouviu-se:
"Como é possível, a empurrar uma mãe com uma criança ao colo!"
Tem razão, a pobre mãe: como foi possível tal acontecer? Como foi possível uma mãe usar, de forma tão baixa, uma pobre criança? Como foi possível usá-la como escudo, como arma de arremesso e, por fim, como desculpa para uma uma indignação ignóbil?
Pergunto-me pelo futuro daquela menina. Como pode alguém, em tão tenra idade, absorver tanto ódio e crescer de forma "normal"? Não julgo os motivos que levaram aquela mãe àquele acto mas será que existe desespero, pobreza e revolta que justifique fazer com que uma criatura inocente fique perante um risco desses?
A pobreza material é penosa, mas a pobreza moral é danosa...
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11 comentários:
O desespero, entre outras coisas, por vezes torna-nos irracionais.
Foi para ter tempo de antena. O telejornal também é um reality show, se não o maior.
Há gente muito perturbada e incompetente, que não devia ter peixinhos dourados, quanto mais crianças. A boa notícia amigo Catso é que não somos as nossas circunstâncias. Essa menina pode crescer e ser uma criatura bastante decente (ao contrário da mãe). Terá os seus esqueletos no armário, os seus desequilíbrios, as suas fraquezas, mas se tiver sorte e cérebro não se torna a criatura que a pariu...
São coisas que não se justificam seja com que situação for.
De qualquer das formas, se a menina morrer de fome, alguém condenará quem a condena à miséria agora? Não me parece. São os tais 15 segundos. Para a retina fica aquilo que cada um deseja ver.
Concordo e apoio todos os protestos contra este (des)Governo.
Mas não posso concordar com esta forma de protesto, é evidente.
Quanto ao protesto, vaias ao PM, é o pronúncio de um 2012 muito, mas mesmo muito conturbado socialmente.
Este (des)Governo começa a sentir que tem o povo completamente contra as suas medidas, mesmo dentro das bases dos partidos que o sustentam.
MZ, o desespero e o desrespeito...
Killer, podes crer, há muito boa gente que adora aparecer e "dar-se a conhecer".
Sahaisis, já diziam meus profs do primário que o ambiente molda a personalidade. Espero sinceramente que a menina cresça equilibrada e não se deixe influenciar pelas estupidezes à sua volta.
Cirrus, os condenáveis vão se desviando das culpas...
Pinguim, até isto explodir muito soco vai ser dado no estômago do zé, infelizmente.
É chocante. Me choca também ver por aqui genitores (porque não ouso chamá-los pais) usando os filhos para pedir esmola. Abraço!
Renata, isso tb me enoja um pouco. Depois vemos imensos casais que não conseguem ter bebés... "Deus dá nozes a quem não tem dentes" já diz o velho ditado.
Abraço.
O governo também tem culpa da existência de falta de civismo dessa senhora e essa senhora também tem culpa do Governo que temos. Por isso estarmos numa situação tão difícil!
Johnny, tb sou culpado por eleger esta cambada. Mas, neste momento, somos mais culpados por deixá-los por lá a (des)governar este país.
Em cada ser humano habita outro, que não passa de uma sub-espécie sem qualquer provisão de valores.
Esta realidade responde, creio, às perguntas que colocas em relação à mãe.
Quanto o futuro da menina. Bom,o futuro é, a mais das vezes, o presente transportado para lá. Oxalá o da menina o não seja.
Ao longo da minha vida profissional, que me fez andar por paragens em que a alma pouco gosta de viajar, deparei-me com situações bem piores do que esta.
Como diz El Matador o telejornal é hoje um reality show. Pois é, e isso inquieta-me, como me confrange ver os repórteres televisivos tansformados em abutres.
Abraço
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