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Estive a jogar Monopoly.
Comecei na casa de partida e recebi dinheiro, não sei bem de onde e muito menos porquê, a fundo perdido.
Iniciei a minha participação e logo comprei algumas propriedades em Lisboa e um terreno na Faria Guimarães, no Porto, a partir de leilões das Finanças e após conversas, off-record, com colaboradores de um banco público.
Continuando o jogo, consegui acções da companhia de electricidade. Como se tratava da única companhia do género achei que seria um bom negócio. Ora, segundo informações fidedignas, as acções até iriam subir após a minha aquisição. Tornei-me accionista maioritário e aumentei o preço da energia aos jogadores que, inadvertidamente, contratavam o serviço. Mais tarde, por sorte (e contactos vários) obtive a maioria das acções da companhia das águas.
Logo a seguir, consegui angariar mais algum dinheiro da Caixa Geral de Dep... peço desculpas, Caixa da Comunidade. Disseram-me que tinha havido um erro do banco a meu favor e depositaram, na minha conta à ordem, alguns milhões sem importância. Com essa verba adquiri mais algumas propriedades na capital, no Porto e em Coimbra.
Entretanto, em algumas jogadas de mestre, lá consegui saber da privatização da companhia de comboios e assumi o controlo de todas as estações disponíveis, o que me deu um grande jeito e um enorme lucro.
Nesse momento, tornava-me o jogador que mais lucrava no jogo mas tive um pequeno contratempo: começava a chamar a atenção e, após algumas denúncias (e um pouco de azar nos "dados" apresentados) fui parar à prisão. Porém, graças a um cartão providenciado por altas instâncias, vi-me livre da cadeia sem precisar sequer de um advogado.
Posteriormente, e resolvido quele quiproquó, decidi construir casas e hotéis em todas as minhas propriedades. Graças a uns amigos na Câmara de Lisboa, do Porto e de Coimbra, consegui que todos os projectos que propus fossem aprovados sem grandes contratempos ou alaridos, e mesmo contra algumas votações em câmara de vereadores. Nada como um bom e$tímulo para $e tomem $ábias deci$ões.
Estava no topo, ninguém podia contra mim, pouco a pouco fui eliminando os adversários e o futuro de riqueza mantinha-se risonho.
Mas foi então que aconteceu o pior.
Ninguém gosta de ser passado para trás, principalmente pelo melhor amigo.
Ninguém gosta de ser enganado, extorquido e, depois de tanto trabalho, perder tudo o que amealhou com muito esforço.
Ninguém gosta de ser traído...
Tive de ajustar contas e pagar por alguns "erros" que cometi:
Mas não me dei por vencido: processei-o, fiquei com o resto dos seus bens e mantive-me altivo e confiante rumo ao monopólio Portugal.
Luís Fernandes Lisboa ®
19 comentários:
Excelente post, pá!! Um retrato nu e cru de como é este... jogo...
E já vi que o teu tabuleiro (se é que é o teu) ainda é igual ao meu, dos antiguinhos...
Cirrus, tive a jogar com meus sobrinhos pequenos: é um jogo intemporal.
O tabuleiro deve ter uns 30 anos!
O novo só tem ruas de Lisboa,Porto e uma de Coimbra.. Este ainda tinha Setúbal e Braga.
Abraço.
Um grande jogo, que tem mais graça jogado em escudinhos...
Rossio, quatro contos!
E não tiveste problemas com o crédito subprime?
Cirrus, 500 paus para quem lá parasse. Era uma luta para comprar esse lugar, lol
El matador, passei por cima dessa treta toda! :D
Cat, excelente post. A analogia é perfeita.
O que eu adorava jogar Monopólio e sim, o meu tabuleiro é dos antigos, com notas de escudo, e ainda o tenho... não gosto nada é do jogo actual... ou me engano muito, ou vai levar-nos a todos à falência (se é que não levou já)!
Parabéns! Voltaste em grande! :)
Muito bom!
Fazer do jogo (com que todos nos entretivemos, e alguns ainda se entretêm...)uma metáfora e com esta jogar, foi de mestre!
Tiro-lhe o chapéu, caro Catso.
Um abraço
Que saudades tenho do Monopólio.
No meu tempo, as duas artérias de maior validade eram o Rossio e a Rua Augusta, que faziam bairro - logo quem tivesse as duas poderia comprar casa, mas depois o "aluguer" era imensamente caro...
E fora de Lisboa e Porto só havia a Ferreira Borges (Coimbra) e a Luísa Todi (Setúbal)...
Belos tempos.
Então e a Av. dos Combatentes, não era em Braga?
Enfim, continuas rico!...
:)
post perfeito, muito bom mesmo... [infelizmente, para todos nós]
abraçinho
O meu jogo é com notas verdadeiras. E o tabuleiro está inclinado para mim...
E não é esse o sonho de qualquer um a jogar Monopólio???? ahhh poizé! Comprar e vender e lucrar e enganar os outros e subjugar os outros e pisar os outros e deixá-los a comer o pão que o diabo amassou, ou menos ainda muahahaha
Muito bem sotôr, é triste a nossa sina, mas passa por aí sim senhor...
Beijo
Pronúncia, quando era miúdo jogava a versão brasileira. É um jogo que funciona em todo mundo (se calhar até na Coreia do Norte, quem sabe?).
bj
Nuance, bem vinda à tasca e obrigado.
Caríssimo Carlos, muito obrigado ;)
Pinguim, no teu tempo e no meu :) e, como o cirrus disse, também havia essa av. em Braga.
MZ, estou melhor sem ser rico ;) Descansa-se melhor à noite.
Caminhante, tens razão, quem acaba por pagar, infelizmente, somos nós: os outros jogadores
bj
Noya, deve ser por isso que não me sobra nada: está tudo inclinado para outros lados :D
Mel, pois, o que é incrível é que todos sabemos mas esses jogadores continuam a jogar e a ganhar...
bj
Sim senhor, dou a mão à palmatória: havia a Av. dos Combatentes, em Braga
(embora a rua escolhida devesse ser a Rua do Souto).
Uau que post excelente. Eu adoro jogar monopólio, sempre foi o meu jogo preferido! Ainda tenho um velhinho em escudos! bjs
Quem se deita com...
esqueci-me do ditado, mas para bom entendedor, meio ditado bastará.
Catsone os teus posts são sempre excelentes e cada vez que cá venho arrependo-me sempre de não te poder seguir com regularidade. Queria que o fim do jogo fosse outro, tem que ser outro, pior do que acabar na prisão, um tiro talvez, uma bomba, desde que desapareça do planeta. Beijinhos
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